segunda-feira, 29 de junho de 2009

A Construção do PPP na Escola Infantil e o papel do Supervisor neste contexto

A escola de Educação Infantil, não é mais a mesma, deixou para trás o papel de cuidadora que assumiu por muito tempo, para assumir a infância como uma etapa de crucial importância para o desenvolvimento humano.
Esta perspectiva, exige mudanças na prática pedagógica, pois a educação da primeira infância deve pautar-se principalmente pelo direito ao conhecimento, a reflexão, a investigação, a estabelecer relações afetivas, a agir com responsabilidade crescente em relação ao meio, a obter conhecimento pessoal, a construir experiências físicas, sociais, lúdicas e a expressá-las por meio de diferentes linguagens.
Neste sentido a prática supervisava se constitui num dos elos fundamentais no processo de reconstrução da escola, estimulando a todos os participantes a empregarem novos processos de ação, desestimulando o prosseguimento de práticas rotineiras e comodistas.
A concepção do supervisor como mediador, implica em promover o diálogo entre as pessoas que convivem numa instituição, intervindo de forma que todos cultivem o respeito pela idéia do outro, possibilitando, assim um contexto equilibrado, onde a dinâmica da escola seja entendida, conhecida e compartilhada por todos, contemplando as necessidades da comunidade.
Enfim, o supervisor assume uma perspectiva de continuidade, não impondo verdades, mas construindo verdades com o grupo.
Para tanto o pressuposto do trabalho do supervisor escolar, deve basear-se num olhar crítico-reflexivo, fazendo constantemente uma leitura da realidade que o cerca, tornando-se parte desta conexão, possibilitando através de sua ação um espaço tempo transicional, investigando junto ao professor, caminhos que conduzam o processo de ensino-aprendizagem de forma a reafirmar a proposta construída e vivenciada pelo grupo.
Deste modo, torna-se fundamental considerar como a comunidade escolar percebem o cotidiano para então buscar diferentes abordagens que garantam a construção de uma escola viva, onde os sujeitos sejam aprendentes.Como afirma Bolivar, “as organizações aprendentes não surgem do nada. São frutos de um conjunto de atitudes, compromissos ,processos e estratégias que tem de ser cultivados “.(1997 ,p.91)Tem um percurso de vida ou, como afirma Sá-Chaves, têm uma história de vida. Compete aos supervisores, se quiserem ser líderes de comunidades aprendentes, fazer a leitura dos percursos de vida institucionais, provocar a discussão e a negociação de idéias, rendibilizar a reflexão e a aprendizagem em grupo, organizar o pensamento e a ação do coletivo das pessoas individuais.
Para ajudar neste processo amplo acreditamos que através da parceria entre os indivíduos que compõem a escola sejam eles supervisores, orientadores, professores, diretores, etc... poderá se efetivar um lugar realmente aberto a reflexão e ao diálogo.
Desta maneira faz-se necessário revisitar o projeto político pedagógico da instituição ,desengavetando-o e/ou (re) construindo-o, para que sirva de fomento ,possibilitando que a escola tenha sua identidade reconhecida e trabalhada por todos em função de todos.
É importante salientar a preocupação que se deve ter de significar este documento como um processo, distanciando-se de uma visão documental e burocrática. Gadotti (1994) observa que fazer um projeto significa lançar-se para a frente, antever o futuro. O projeto é, pois, um planejamento em longo prazo, atividade racional, consciente e sistematizada que as escolas realizam para traçarem a sua identidade como organização educativa. Nesta direção, Veiga (1996; 1998) nos faz perceber que o PPP deve ser visto como um processo permanente de reflexão e de discussão dos problemas da escola, tendo por base a construção de um processo democrático de decisões que visa superar as relações competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a rotina burocrática no interior da escola.
Cabe apresentar, como alguns autores têm concebido o PPP no momento atual. Nas palavras de Veiga (1997, p. 13),

O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos da população majoritária.

Menegolla e Sant’anna (1991, p. 24) conceituam o projeto educacional numa perspectiva humana, expressando que é necessário um projeto que dimensione o processo educativo e reconstrutivo do homem, que vise planejar a ação educativa para que o homem viva o presente, e , ao mesmo tempo, se projete para o futuro, que está cada vez mais próximo.

Segundo Bussmann (1997, p. 38),
O Projeto Político-Pedagógico delineia de forma coletiva a competência principal esperada do educador e de sua atuação na escola. Ao delinear essa competência, o projeto político-pedagógico consolida a escola como lugar central da educação básica, numa visão descentralizada do sistema. Ao ser discutido, elaborado e assumido coletivamente, oferece garantia visível e sempre aperfeiçoável da qualidade esperada no processo educativo e, assim, sinaliza o processo educativo como construção coletiva dos professores envolvidos. E ainda, ao se constituir como processo, indica e reforça a função precípua da direção da escola e da equipe diretiva ou coordenadora de cuidar da “política educativa”, do alcance e da globalidade do processo educativo na escola e de liderá-lo, administrando a consecução dos objetivos.
Partindo desse princípio, o primeiro passo para a construção de um PPP seria ir em busca de subsídios na comunidade. Tendo em vista que esta deve ser uma usuária consciente deste serviço, não apenas para servir como instrumento de controle. Trata-se de romper com os muros da escola.



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